Projeto Marajó Viva Pesca – dois anos de forte envolvimento e protagonismo de ribeirinhos

Por Instituto Peabiru
Publicado em 21/10/2015
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Eventos realizados pelo projeto Marajó Viva Pesca abriram espaço para o próprio ribeirinho expor a realidade local

Nos últimos anos, o município de Curralinho experimenta um conjunto de ações transformadoras em prol do desenvolvimento local. Estas incluem a recuperação do estoque pesqueiro, a organização econômica da cadeia de valor do açaí, a inclusão digital, a segurança energética e a melhoria da qualidade da educação. Desassistidas por políticas socioambientais, os movimentos sociais de Curralinho, em parceria com organizações da sociedade civil assumem o protagonismo no processo de diálogo com o poder público.

Nos últimos dois anos, o Projeto Marajó Viva Pesca contou com o patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, e do Governo Federal, e contribuiu para o fortalecimento deste movimento, envolvendo mais de 1.500 famílias em uma série de oficinas e fóruns de debate sobre a gestão dos recursos naturais no Rio Canaticu.

Agora, em novo momento, a mobilização segue – “Temos os acordos de pesca estabelecidos pelos próprios ribeirinhos e são eles que irão monitorar a pesca no Canaticu. Para tal, além de sempre contarem conosco do Instituto Peabiru, há todo um compromisso da própria Colônia de Pescadores Z-37 e de uma nova instituição que está surgindo no Rio Canaticu, a Cooperativa Sementes do Marajó, em continuar o trabalho de educação ambiental e recuperação do estoque pesqueiro”, relata Manoel Potiguar, gerente de projetos do Instituto Peabiru.

A Cooperativa Sementes do Marajó é um dos resultados do envolvimento dos próprios ribeirinhos com o desenvolvimento local e da parceria com o Instituto ProNatura e o SISCOOP. “Quando lembramos que o Marajó Viva Pesca só se tornou realidade porque já existia um movimento social sólido no Rio Canaticu, vemos que estes novos desafios são, na verdade, consequência natural de uma sociedade que quer realmente transformar a realidade local e entregar para as futuras gerações um mundo melhor. Sem esta participação, sem este protagonismo das comunidades tradicionais, nada disso seria possível”, avalia Manoel.

Para Assunção Novaes, o “Cacau”, presidente da Colônia de Pescadores Z-37 e uma das principais lideranças de Curralinho, o sucesso do Projeto Marajó Viva Pesca só foi possível por permitir este espaço para o ribeirinho. “Este, com certeza, foi a parte mais importante do projeto. Quando íamos para os debates, não existia essa fuleragem* de usar termos técnicos que ninguém entende. A linguagem utilizada era a do ribeirinho e isso fez com que ele se sentisse parte do projeto, se sentisse responsável pela região e tomasse para si a responsabilidade sobre o local em que ele vive. Isso sem dúvida foi um grande diferencial”, diz Cacau.

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Os resultados do projeto Marajó Viva Pesca podem ser conferidos no hotsite www.peabiru.org.br/marajovivapesca. As publicações, guias, matérias das ações ao longo dos dois anos de execução, fotos, vídeos e os documentos produzidos pelos ribeirinhos, estão a disposição de forma gratuita a todos, seja para pesquisa científica (como o Banco de Dados e o SIG), seja para educadores que queiram utilizar o material produzido.

*Fuleragem: imprestável, inútil; malandro, vadio, calaceiro; o mesmo que fulerage; mentira, sacanagem. (fonte: http://pt.wiktionary.org/wiki/fuleragem)

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