Agentes Ambientais de Curuçá fazem seminário sobre o mangue
A necessidade de conservação dos manguezais foi discutida em Curuçá, município do Salgado paraense, pelos cerca de 80 jovens participantes do curso de Agentes Ambientais, desenvolvido pelo Programa Casa da Virada, do Instituto Peabiru. Eles fizeram pesquisas sobre vários temas relacionados ao bioma onde estão inseridos, desde vegetação, fauna, biodiversidade, pesca e receitas culinárias. A Reserva Extrativista Mãe Grande Curuçá, que guarda uma das maiores extensões de mangue do Pará, está localizada no entorno do município.
De acordo com a professora do Instituto de Estudos Costeiros da Universidade Federal do Pará (Campus Bragança), Moira Menezes, que ministrou a oficina de ecossistemas de mangue no curso de Agentes Ambientais, os trabalhos dos alunos contribuem para a reflexão sobre o contexto ambiental onde estão inseridos. “Os trabalhos destacam como o mangue está presente no cotidiano de todos, seja por causa da importância ambiental, seja pelo alimento no prato”, destaca. O seminário ocorreu no último sábado, dia 08, em Curuçá. O projeto Casa da Virada é patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental, da Petrobras.
Fauna e vegetação
Os alunos escolheram os temas e dividiram-se em grupos para preparar as apresentações. No grupo sobre a vegetação, o destaque foi para os tipos de árvores do mangue, tais como o mangueiro, o tinteiro e a siriubeira. A equipe da fauna deu ênfase ao principal habitante dos manguezais: o caranguejo. Foram expostos o ciclo de vida, reprodução e engorda, deixando claro a importância de respeitar o período do defeso.
Pesca
Curral, puçá e tarrafa foram alguns dos tipos de pescaria apresentados pelos alunos para demonstrar como é feita a pesca de peixe e camarão na região. A presença do pescador e caranguejeiro Nilson Monteiro do Nascimento, de 43 anos, contribuiu para a apresentação com a experiência profissional na área. Segundo ele, o pescador curralista é um dos mais habilidosos. “Ele precisa ser inteligente e ter muito conhecimento, porque ele tem que desenhar o curral, colocar na maré e dá certo”, destaca.

A pesca de curral foi uma das apresentadas no seminário pelos agentes ambientais. Foto: Rafael Araújo
Impactos ambientais
Um dos grupos relacionou e apresentou alguns dos impactos ambientais que o mangue já está sofrendo. Os agentes ambientais falaram dos problemas gerados pelo desmatamento de algumas áreas de manguezais, lixo, pesca predatória e o desrespeito aos períodos de defeso. Os alunos destacaram ainda a necessidade de discutir mais sobre os impactos que podem ser gerados pela instalação de um megaporto na cidade – Super Porto do Espadarte.
Mariscos e culinária
Alguns participantes levaram a pesquisa até o mangue propriamente dito. Foram os alunos que escolheram falar sobre os vários tipos de mariscos encontrados na região. Por isso entram nos manguezais para coletar mariscos de lama, de areia e de água e demonstrar as características de cada um. O seminário foi finalizado com os grupos sobre a culinária local, que tem seus principais ingredientes, sobretudo mariscos, retirados do mangue. Alguns alunos apresentaram receitas de família, parte da tradição do local.