Ciência na Amazônia: potencialidades e desafios

Por Instituto Peabiru
Publicado em 16/10/2015
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Em 2014: Acadêmicos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e moradores de Curralinho discutem o uso da energia solar

Em 2014, entre as ações do Instituto Peabiru destacaram-se a atenção à segurança energética de comunidades tradicionais isoladas. Um dos objetivos era o de iniciar um debate sobre tecnologias que pudessem substituir o uso de combustíveis fósseis e, desta forma, aumentar a qualidade de vida de ribeirinhos ao oferecer uma opção de baixo custo de manutenção. A opção foi pela utilização de equipamentos de energia solar. Lanternas, lâmpadas e até mesmo quadras esportivas foram montadas com equipamentos que se utilizam esta tecnologia.

A recepção por parte dos moradores locais foi positiva, o debate se expandiu e outras ações surgiram deste então. Escolas ribeirinhas, que antes dependiam de geradores movidos a óleo diesel, foram equipadas com placas solares se tornaram telecentros e pesquisadores de universidades e instituições nacionais e internacionais passaram a colaborar para entender os efeitos que este tipo de recurso sobre a partir do clima amazônico.

Isso por que, ainda que os manuais dos fabricantes garantam uma longa vida útil, é senso comum que a umidade e as condições atmosféricas da Amazônia sejam prejudiciais para os equipamentos eletrônicos. Quanto tempo placas solares permanecem gerando energia a uma eficiência que garanta o uso contínuo e seguro de computadores em locais isolados que pouca atenção recebem de políticas públicas, mesmo aquelas mais ampla, como programas de expansão da rede interligada de energia elétrica?

O Instituto Peabiru, em conjunto com as entidades e lideranças parceiras, assim como com os próprios beneficiários destas tecnologias – ribeirinhos, têm monitorado os equipamentos doados nas ações mais recentes. No entanto, o uso da energia solar na Amazônia ainda é pouco difundido e a realização de eventos que discutam este tema é rara.

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Atlantik Solar: Veículo Aéreo Não-­Tripulado (VANT) movido à energia solar

Por isso a importância da realização de eventos científicos como o que acontecerá na próxima segunda-feira, 19, em Belém, no Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação da Docas). Sob o título “Ciência na Amazônia: o projeto Atlantik Solar, os impactos e aplicações da energia solar”, será montada uma mesa redonda interativa que irá focar na apresentação do projeto “Atlantik Solar” – um Veículo Aéreo Não-Tripulado (VANT) movido à energia solar, com capacidade tanto para vôos controlados, quanto para vôos autônomos.

Ainda que o principal tema seja de um equipamento que não irá afetar diretamente a população amazônica, a discussão é válida na medida que aborda um tema mais amplo: as potencialidades e desafios de fazer ciência na Amazônia. Em um região com locais de difícil acesso, a presença de representantes da ETH Zurich, discutindo as diversas possibilidades do uso de energia solar neste região, deve ser aproveitada ao máximo.

Se o fato da ETH Zurich ser uma das duas escolas politécnicas federais da Suíça – considerada a quarta melhor universidade da Europa, coleciona 21 Prêmios Nobel; composta por 16 departamentos voltados para pesquisa e desenvolvimento em engenharia e ciências naturais – não for motivo suficiente para enxergarmos aqui uma oportunidade de ampliarmos a opções de aplicarmos as mais  novas tecnologias em prol da população mais carente, tem-se que no mínimo considerar as potencialidades que o “Atlantik Solar” pode proporcionar às instituições científicas locais.

De acordo com o material de divulgação do evento, o “Atlantik Solar” tem diversas opções de aplicabilidade. Monitoramento de queimadas e desmatamentos, busca e salvamento, vigilância em grandes eventos, uso para as equipes de inteligência policial, entre outros possíveis uso.

Um VANT, no entanto, também poderia ser utilizado para monitorar outras questões sociais e ambientais, entre elas a presença de piratas nos rios mais distantes (onde há pouca ou nenhuma presença policial), o impacto nos manguezais e até mesmo na questão da polinização, uma vez que a presença ou não de abelhas nativas pode ser monitorada em conjunto com as informações produzidas pelo veículo para avaliar o impacto destes animais na fauna.

A Amazônia é o grande foco das discussões ambientais. Precisa ser, também, o grande o foco das discussões sociais. Mais do que isso, precisa receber estas discussões aqui na própria região, com a participação de pesquisadores e moradores locais, conhecedores do clima e realidade. A mútua colaboração tem grandes chances de proporcionar ganhos inestimáveis para uma população historicamente esquecida em um país que pouco valoriza a educação.

 

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