Te Sai Covid: projeto apresenta resultados no combate à COVID-19, nos municípios do Marajó

Por Instituto Peabiru
Publicado em 05/09/2023

Foram mais de 21 mil doses aplicadas contra a COVID-19 em meio aos processos de articulação e ações do projeto, sendo 1.470 pessoas recebendo a primeira dose, 1.363 a segunda dose, 14.395  doses de reforço, e 3.837 crianças receberam a vacina contra a COVID-19.

Mesmo após os momentos mais críticos da pandemia da COVID-19, municípios com maior vulnerabilidade social, como os do arquipélago do Marajó, continuaram com baixa adesão às vacinas contra o vírus. O projeto Te Sai Covid, porém, realizou um processo de mobilização social junto a esses municípios visando o aumento da população imunizada, através de uma articulação junto às Secretarias municipais de Saúde, Educação e Assistência Social. Além do apoio às ações de vacinação, o projeto trabalhou a mobilização de adolescentes e publicou amplamente materiais de comunicação sobre incentivo às vacinas e combate às fake news, tendo alcançado milhares de pessoas.

O Te Sai Covid está em sua terceira fase e foi implementado pelo Instituto Peabiru, com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), NPI Expand Brasil e SITAWI Finanças do Bem. Segundo o presidente do Instituto Peabiru, João Meirelles, o projeto mostrou a importância de fortalecer as prefeituras e órgãos de saúde dos municípios e que com apoios como esse realizado pelo Peabiru foi possível alcançar grandes resultados. “É importante seguir com a atenção às vacinas não só da COVID-19, mas um plano mais profundo, principalmente para essas comunidades distantes que têm pouco acesso às informações e à saúde.  O Marajó é uma das regiões menos assistidas do Pará e da Amazônia e demonstra que a gente precisa de políticas públicas mais consistentes e de longo prazo”, destacou.

Para Edgar Barra, gerente do projeto, os resultados comprovam a importância do comprometimento das equipes municipais de Saúde, Educação e Assistência juntas, de forma intersetorial, trabalharem pela elevação das coberturas vacinas de diversas doenças, inclusive com estratégias voltadas às populações mais vulneráveis, como idosos, populações tradicionais, adolescentes e crianças. “A partir do compromisso dos gestores municipais e suas equipes técnicas foram realizadas diversas ações de vacinação, mobilização de adolescentes e de comunicação. Tudo isso para que mais marajoaras buscassem a vacinação e combatessem notícias falsas. Essa boa prática também pode ser replicada em outros territórios da Amazônia.”, pontuou.

Resultados além da COVID-19 


Djanira Melo, 101 anos, vacinada no “Dia D de vacinação contra a COVID-19” em Salvaterra/PA

“Prefiro me vacinar, mesmo com a idade que eu tô, mas ainda não quero morrer. Tem muitos jovens que não se vacinam, não sabem o risco que estão causando. As vacinas nos livram de muita coisa, como essas doenças que estão aparecendo. Então a gente tem que se vacinar”. A afirmação é de Djanira Melo, idosa de 101 anos, uma das vacinadas que marcou presença no “Dia D de vacinação contra a COVID-19”, a última ação externa do projeto, que reuniu 10 municípios do Marajó para vacinar sua população. Para ela, todos precisam se vacinar.

Nesses meses de atuação do projeto, pelo menos 21.065 pessoas foram vacinadas contra a COVID-19, sendo que 3.837 crianças receberam a vacina Pfizer pediátrica. Um resultado importante foi que 1.470 pessoas nunca haviam recebido sequer uma dose da vacina, mas atenderam ao convite do projeto e se vacinaram. 1.363 pessoas estavam apenas com sua 1ª dose, e puderam completar o esquema primário vacinal contra a COVID-19. 

Outras vacinas do calendário geral aplicadas durante as ações de vacinação totalizam 35.907 doses, com 579 profissionais dos municípios marajoaras diretamente envolvidos nas ações. Diversos outros serviços públicos foram disponibilizados à população durante as ações de vacinação, como consultas médicas, exames de PCCU, testagem para as IST, informações sobre Benefícios Sociais, roda de conversa visando o combate ao abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, entre outros. Aproximadamente um milhão de pessoas foram alcançadas através dos materiais de comunicação, entre eles: carros som, spots para rádios, comercial de TV, matérias em portais de notícias, reportagens em rádios, TV e publicações nas redes sociais.

Na finalização do projeto, uma Sala de Imunização foi aberta a partir do recebendo um aparelho de ar condicionado e um refrigerador para guarda das vacinas. Isso se deu fruto da parceria entre o projeto e a Prefeitura de Santa Cruz do Arari, a qual cuidou da adequação física e pagamento de mão de obra para instalação da Sala de Vacinas. Com isso, as famílias residentes na localidade Mocoões não precisarão mais investir seis horas em deslocamentos para acesso às vacinas. Duas salas de imunização foram fortalecidas com equipamentos necessários à adequada guarda das vacinas no município de Gurupá.

Ana Paula Sardinha, psicóloga do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Santa Cruz do Arari fala da importância da criação da sala de vacinação na vila de Mocoões: “Com a construção da sala de vacinação, vamos guardar as vacinas de forma adequada, para que essa população não precise se deslocar horas para vir fazer sua vacina e garantir seu direito à vacinação. Essa é uma forma magistral de fechar o projeto em parceria com o Instituto Peabiru, onde a gente tem ações de vacinação para elevar a nossa cobertura vacinal”, comemorou.

Protagonismo aos municípios

Todas as ações de vacinação e de serviços públicos aos cidadãos marajoaras que eram oferecidas em conjunto à aplicação das vacinas, foram integralmente realizadas pelos servidores municipais desses municípios envolvidos, com o apoio do projeto “Te Sai Covid”. Essa autonomia desde a construção das agendas foi um sinal positivo da importância de articular e mobilizar os municípios.


Murilo Santos, adolescente vacinado no “Dia D de vacinação contra a COVID-19”

Num primeiro momento, foram realizadas visitas técnicas que possibilitaram o levantamento de dados para um diagnóstico situacional que buscou entender a melhor maneira de como o projeto poderia ajudar no aumento da cobertura vacinal nos municípios.

A Assistente Técnica de Saúde do projeto, Stefany Wanzeler, destaca a importância da mobilização nos municípios: “O município de Ponta de Pedras, por exemplo, demonstrou grande empenho na realização das campanhas de vacinação. A Secretaria de Educação se empenhou em desenvolver a temática da COVID-19 nas salas de aula, com crianças e adolescentes, à medida em que as disciplinas eram ministradas. E quando recebemos os registros fotográficos, nos deparamos com as crianças pintando o vírus da COVID-19, confeccionando cartazes e preparando as apresentações musicais com paródias sobre a importância da vacinação, com criatividade e informação. Com isso, percebemos que o objetivo do projeto foi alcançado, da criança ao adulto, com vacina no braço e grande participação da população”, pontuou.

Vacina nas comunidades distantes, do Marajó 

Se nos grandes centros urbanos já há dificuldade com o incentivo às vacinas, em municípios mais distantes, esse acesso a informações é ainda mais complexo, bem como a própria chegada das vacinas. Um dos momentos marcantes do projeto foi o deslocamento para lugares da zona rural dos municípios do Marajó, para realização dos encontros com adolescentes e incentivo às ações de vacinação. 


Davi Muniz, adolescente de Gurupá mobilizado pelo projeto.

Dependendo do município, o deslocamento pode ser um grande desafio, já que para chegar em determinados locais é necessário usar vários meios de transporte. Boa parte das ações realizadas ocorreram na zona rural e/ou ribeirinha dos municípios, bem como em territórios quilombolas. Um exemplo, foi a comunidade quilombola do município de Gurupá.

O articulador Social do projeto, Leonel Ferreira contou um pouco sobre essa logística: “Para chegar em Gurupá, pegamos um navio com um percurso de 36 horas de viagem, contra a maré. Depois um carro para chegar até um porto e fazer uma travessia de lancha, depois pegar um outro carro e mais 30 minutos até chegar na comunidade quilombola. Era uma estratégia do projeto, fazer com que a vacina e a informação chegassem às comunidades mais distantes e afastadas dos centros e nós conseguimos efetuar isso com propriedade. Conseguimos graças a parceria com os municípios, em particular com nossos pontos focais, que foram determinantes para que nós chegássemos nesses locais. São as particularidades de logística, que a região do Marajó possui, mas que conseguimos superar”, comemorou. Os “pontos focais” foram servidores municipais que apoiaram mais diretamente as ações do projeto nos municípios.

Campanha de Comunicação  

O projeto difundiu produtos de comunicação com linguagem local, acessível e comunitária visando impactar a população para a melhor adesão à vacinação e combate às notícias falsas. Esta campanha foi veiculada via redes sociais, com o protagonismo de jovens e influenciadores digitais da região. Em resumo, pelo menos 890.339 pessoas foram alcançadas pelas mensagens difundidas em televisão aberta, 7.847 via rádio, e 155.526 pessoas alcançadas via redes sociais, perfazendo um total de 1.053.712 pessoas alcançadas.


Regina Santos, vacinada no “Dia D de vacinação contra a COVID-19”


O processo de construção das mensagens de comunicação iniciou com um processo de escuta interna das percepções e partilhas da equipe do projeto, observadas nas atividades desenvolvidas entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023. Levou em consideração também todo o processo de advocacy vivenciado junto aos representantes dos municípios do Marajó, incluindo os relatos das experiências e constatações relacionadas à baixa adesão às medidas de prevenção e dificuldades para aumento da cobertura vacinal contra a COVID-19. As estratégias de comunicação também são fruto da percepção de adolescentes e jovens mobilizados pelo projeto.

“O alcance do projeto Te Sai Covid foi muito além do esperado. Conseguimos alcançar todos os públicos através de carro som, publicações nas redes sociais, Spots para rádios, comerciais para Tv e através da imprensa paraense, que contribuiu com a divulgação do projeto. Combater as fake news é um processo difícil e lento, mas o resultado final, com mais de mil pessoas vacinadas com a primeira dose da vacina, mostra que o projeto deu certo e alcançou seu objetivo através da mobilização dos municípios e também através da comunicação. Projetos como esses devem ser fortalecidos na Amazônia, especialmente para regiões de vulnerabilidade social, como o Marajó”, ressaltou Michele Lobo, técnica de comunicação do projeto. 

Engajamento de adolescentes


Uma das estratégias importantes do projeto foi de buscar a percepção de adolescentes e jovens que participaram de oficinas denominadas “grupos focais”, os quais relataram seus sucessos e dificuldades para manter os cuidados contra a COVID-19 em suas respectivas realidades. A metodologia funcionava de maneira lúdica, com rodas de conversa e jogos educativos. Alguns desses adolescentes foram protagonistas de parte das mensagens de comunicação.


“Aqui em casa, nós já tomamos todas as vacinas disponíveis! Vacinas salvam vidas. Se eu me amo, se amo meu próximo, eu tenho que tomar vacina, para me proteger e proteger quem eu amo”. A afirmação é do adolescente, Davi Muniz, 15 anos, do município de Gurupá, Marajó. Ele é um dos adolescentes que faz parte da mobilização do projeto.

Jorge Machado, adolescente mobilizado pelo projeto com sua mãe Ana Beatriz 

Já para Jorge Machado, adolescente que participou do grupo focal em Soure e também da campanha de comunicação, as vacinas são muito importantes para todos. “Aqui é mais interior. Então algumas pessoas não têm tanta informação, principalmente pra gente da nossa idade, que está começando agora a receber esse tipo de informação. O Te Sai Covid foi muito legal aqui, porque trouxe várias crianças da minha idade, teve a interatividade. Foi muito bacana a forma como explicaram pra gente, todo mundo entendeu muito claramente, foi uma experiência muito legal”, comentou o adolescente.

A mãe de Jorge, Ana Beatriz, ficou orgulhosa do posicionamento do filho e reforçou a importância das vacinas. “É importante a gente continuar esse processo, porque a questão da COVID é uma questão de saúde pública, é uma questão de saúde coletiva. Então, a gente toma as vacinas não só pra gente, mas para os outros”, reforçou.

Sobre os parceiros

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Iniciativa de Novos Parceiros, Ampliando Parcerias em Saúde (NPI EXPAND) e SITAWI – Finanças do Bem formam a rede de apoio como resposta à COVID-19 na Região Amazônica brasileira. 

A NPI EXPAND Brasil: Resposta à COVID-19 na Região Amazônica Brasileira (fase 2) é uma iniciativa que engaja organizações da sociedade civil em parcerias estratégicas para alavancar soluções inovadoras e escaláveis que fortalecem a resposta rápida a emergências e ao combate à COVID-19.

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