Mel de abelha, Andiroba e Sustentabilidade fortalecem comunidade em Breu Branco (PA)
Mel e andiroba podem parecer mundos distantes, mas em Mamorana, Breu Branco (PA), esses dois elementos se tornaram aliados na geração de renda e no fortalecimento comunitário com o Projeto Ybá.
Quando se fala em mel, as primeiras imagens que vêm à mente são as de flores e colmeias. Já a andiroba, por outro lado, remete a óleos e cosméticos. Ainda que aparentemente distintos, esses dois elementos se encontram de maneira sustentável nas ações do Projeto Ybá: Conservação que Transforma. Há 4 anos, o Projeto promove práticas sustentáveis que aproveitam os potenciais produtivos das comunidades de Breu Branco (PA).
Após um diagnóstico realizado pelo Instituto Peabiru, a Vila Mamorana foi escolhida como parceira em ações que incluíram, além do mapeamento e divisão do território, a oferta de treinamentos, oficinas e cursos. “Os comunitários receberam treinamentos de primeiros socorros, treinamentos para evitar acidentes em ambientes florestais, recebem equipamentos e EPI (equipamentos de proteção individual), como óculos, luva, capacete, camisas com cores para atividade florestal, calças, botas, tudo isso para poder fazer a coleta”, conta Manoel Potiguar, gerente de projetos do Instituto Peabiru.
Uma das grandes conquistas dos moradores e do Projeto foi a primeira colheita e comercialização das sementes de andiroba, em 2023. Com caráter experimental, a coleta rendeu 100 quilos de sementes. Luzia Santos, agricultora familiar, moradora e presidente da Associação da Vila Mamorana, conta que a experiência trouxe mais do que um ganho financeiro: “Isso cria uma esperança e um impacto para a comunidade. Nós também, lá no futuro, podemos fazer parte desse ciclo. De estar na casa de muitas pessoas como produto que sai da comunidade onde nós moramos”
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Fonte: Acervo Projeto Ybá.
Mel de abelha sem ferrão
Junto com a coleta de andiroba, o Projeto Ybá também implementou um meliponário, espaço para criação de abelhas nativas sem ferrão, inicialmente com 50 colmeias, que hoje atinge a marca de 100 colmeias ativas.
Luzia conta que o meliponário também foi uma oportunidade de aprender sobre a importância da polinização para o meio ambiente: “O meliponário, para mim, teve um aprendizado muito grande, porque a gente vive aqui na comunidade, mas não consegue compreender o que a natureza é, por mais que a gente viva no berço dela. Então assim, a gente conseguiu compreender qual é a função da abelha, qual é a importância dela”.
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Fonte: Acervo Projeto Ybá.
Fortalecimento comunitário
Ao longo do processo, os moradores de Mamorana também passaram a enxergar a comunidade por uma nova perspectiva. O trabalho coletivo fortaleceu os laços entre os participantes, criando um sentimento de colaboração e pertencimento. “Em relação ao projeto, eu acho que nos ensinou que um tem que apoiar o outro”, reflete Luzia Santos. Para ela, o Projeto ajudou a entender que crescer é um exercício coletivo: “Nós aprendemos que a vida do vizinho, do colega, é a minha responsabilidade. Se eu estou bem, o vizinho também tem que estar bem. Eu acho que a comunidade, e principalmente o grupo que está no projeto, entende que tem que levantar juntos”.
Manoel Potiguar, gerente do Ybá, destaca a organização comunitária ao longo dos anos: “A gente tem uma comunidade hoje que está muito mais organizada do que estava no começo. A gente tem uma comunidade que começa a fazer ações coletivas de maneira muito eficiente, para outros fins que não só reuniões comunitárias, mas também para fins produtivos”.
O trabalho coletivo na Vila Mamorana também trouxe muito aprendizado para a comunidade. Em 2024, a Associação foi formalizada, abrindo novas possibilidades de diálogos comerciais e de acesso a políticas públicas. Luzia Santos, presidente da Associação, sobre o processo de formalização: “Por mais que ela esteja legalizada, ainda tem muito chão […] acho que a participação do Peabiru só tem o que agregar”.
O Projeto Ybá é fruto da parceria do Instituto Peabiru com a Dow Chemicals.
Por: Amanda Santos, sob supervisão de Luciana Kellen.