Duração: 2007-atual.
Território: Amazônia.
Financiadores: BNDES (Fundo Amazônia), Instituto Clima e Sociedade, Instituto GPA e Bauducco e Embaixada da Eslovênia
“Não existe bioeconomia sem as abelhas da Amazônia”
Sobre o Programa Abelhas da Amazônia
Há quase duas décadas, o Instituto Peabiru executa o Programa Abelhas da Amazônia para a inclusão da meliponicultura – criação de abelhas sem ferrão – para a geração complementar de renda e o desestimulo ao desmatamento e queimadas e para a conservação da biodiversidade. Aprendemos muito com nossos parceiros – agricultores familiares, quilombolas, indígenas e povos e comunidades tradicionais em 8 municípios, entre o Pará (Acará, Almeirim, Breu Branco, Curralinho, Curuçá e Monte Alegre) e Amapá (Macapá e Oiapoque).
Momento atual e próximos passos
Agora queremos juntar forças para envolver diferentes atores para fortalecer a agricultura familiar assim como as iniciativas de restauro ambiental. Está na hora de todas as instituições de assistência técnica e extensão rural bem como as entidades de ensino nas temáticas agrícolas e florestais de tratarem da meliponicultura como algo essencial para a Amazônia.
Unidade demonstrativa
O Peabiru montou uma Unidade Demonstrativa de Meliponicultura próxima a Belém (atrás da ilha do Combú, no município de Acará) onde realiza cursos e atividades e já tem como parceiros 50 famílias vizinhas. A prioridade é formar um cinturão verde com criadores de abelhas sem ferrão no entorno de Belém.
Parcerias fundamentais
Graças ao financiamento do BNDES (Fundo Amazônia), Instituto Clima e Sociedade, Fundo Vale, Petrobras, Dow Brasil, Embaixada da Eslovênia, Assaí/GPA e outros, foi possível fortalecer a cadeia produtiva do mel de abelhas sem ferrão, legalizar os produtores (SISFAUNA), obter o Selo de Inspeção Federal (SIF) para o mel, além de outras conquistas relevantes.
Watch! Bee farming Amazon native species
(apenas em inglês)
Melíponas para toda obra!
Desafios
Mudanças Climáticas
O desmatamento, as queimadas e as mudanças climáticas vem afetando crescentemente as abelhas sem ferrão. O declínio nas populações locais dessas abelhas implicaria graves riscos para a manutenção da biodiversidade da Amazônia e teria impacto direto na segurança alimentar e na geração de rendimentos para as comunidades tradicionais. Algumas espécies podem sofrer uma redução de até 90% de sua área de abrangência.
Ciência e tecnologia
Ainda sabemos pouco sobre as abelhas sem ferrão e a polinização das espécies da Amazônia, especialmente as espécies de interesse comercial e para a subsistência. Quando se trata sobre o conhecimento acerca do manejo de espécies de abelhas (meliponicultura), o conhecimento é ainda menor – menos de 17% das abelhas da Amazônia contam com conhecimentos avançados sobre o seu manejo.
O Projeto Néctar da Amazônia
O Projeto Néctar da Amazônia (2014 a 2018) teve por objetivo fortalecer a cadeia de valor do mel de abelhas nativas silvestres em comunidades tradicionais da Amazônia. Oportunidade única de aliar a geração local de renda, combater as queimadas e o desmatamento, promover a conservação da biodiversidade e valorizar os serviços ambientais como a polinização.
Com recursos do Fundo Amazônia (BNDES), o projeto consolidou a etapa de multiplicação das colmeias, capacitação dos produtores, licenciamento da atividade, fortalecimento dos sistemas agroflorestais piloto e outras atividades associadas.
Entre os resultados do Néctar da Amazônia, de forma pioneira, a nível nacional, foram obtidas a autorização para os criadores com mais de 50 caixas de abelhas pelo SISFAUNA (sistema de monitoramento de fauna do IBAMA, administrado pelos estados, no caso, Pará e Amapá).
Destaques
Conquistas
Produção
Começamos com menos de 1.000 colmeias e alcançamos 5.000 colmeias (2024), base para difundir a meliponicultura na região. Como cada colmeia produz em média 1 kg/mel/ano existe potencial para produzir 4 a 5 toneladas/ano (se todo o mel for recolhido e vendido).
Geração de Renda
A maioria das famílias vive com menos de R$20/dia (US$ 4/dia). Um rendimento familiar médio gerado pelo mel pode ser superior a um Salário Mínimo/ano (R$1691,46) sem considerar o aumento da colheita devido à polinização. Cada quilo custa R$60. Se a família vender 24 kg = R$1734,83. Peabiru garante comprar o mel nos primeiros 2 anos.
Venda legal de mel
A parceria com a Fitobel, de Belém, empresa com selo de fiscalização federal (SIF) permitiu, de forma pioneira, a comercialização no Brasil e abre oportunidade para a exportação.
Legalizar produtores
Criar abelhas sem ferrão, assim como criar jabutis ou pássaros da flora brasileira, exige a inscrição dos produtores no SISFAUNA, gerido pelas secretarias estaduais de meio ambiente. Os produtores associados ao Peabiru estão registrados neste sistema.
Mercado
Embora o Brasil seja um importante produtor de mel de abelhas” Apis, até a chegada do projeto Néctar da Amazônia não havia mel de abelhas sem ferrão (melíponas) com SIF no mercado formal brasileiro. O mercado é incipiente, mas promissor – alimentos especializados, produtos e restaurantes gourmet (chefs), indústrias farmacêuticas e cosméticas (especialmente se for considerada a própolis).
Formação de Capital
O capital representado pelas colmeias (matriz) é de R$ 1,5 milhões (próximo ao valor do investimento do Fundo Amazônia, de R$ 2 milhões). As colmeias são matrizes, pois de 1 colmeia se fazem 2, e tem um mercado próprio (cerca de R$400,00).
Educação Ambiental
Ao criar abelhas sem ferrão, os agricultores ficam mais conscientes sobre os impactos do desmatamento e das queimadas, sobre a perda de biodiversidade, os serviços de polinização e a poluição causada pelo lixo.
Aprendizagem
Formação de técnicos locais para assistência técnica, construção de equipamentos (caixas de madeira, cavaletes etc.), aprendizado sobre a manutenção das colmeias, a colheita e comercialização de mel e a multiplicação de matrizes.
Proteção florestal
O Instituto Peabiru estima que o projeto apoiou a proteção de cerca de 17 mil hectares de ambientes florestais, de Cerrado e de áreas úmidas, especialmente várzeas.
Confira todos os detalhes sobre o projeto Néctar da Amazônia clicando aqui.
Projeto Amigo das Abelhas da Amazônia
O projeto Amigo das Abelhas da Amazônia visa a geração de renda para comunidades tradicionais e quilombolas, por meio de modelo de negócio sustentável, ao mesmo tempo em que promove a conservação da biodiversidade e os serviços ambientais. A iniciativa conta com financiamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Embaixada da Eslovênia.
O projeto foi lançado em julho de 2020 em Boa Vista do Acará, convidando as famílias e organizações comunitárias do município de Acará. Ao todo, participaram das diferentes atividades mais de 30 famílias das comunidades de Santa Maria, Boa Vista do Acará, Guajará Mirim, Genipaúba e Itacoãzinho.
No primeiro semestre de 2022, iniciou-se a segunda fase do projeto Amigo das Abelhas da Amazônia. Em conjunto com as outras 20 famílias da primeira fase, o projeto passa a assistir 40 famílias, com mais de 400 colmeias de abelhas sem ferrão nesse período seguinte.
O projeto vem promovendo entre moradores e formadores de opinião, a partir do projeto de meliponicultura, espaço nas ilhas de Belém para discussão sobre a temática ambiental, especialmente sobre a importância da polinização e da conservação da floresta. Além de apresentar a possibilidade de uma atividade produtiva sustentável, que atende aos critérios da bioeconomia.
Confira todos os detalhes sobre o projeto Amigo das Abelhas da Amazônia clicando aqui.
Conteúdos relacionados
Artigo no livro “Bioeconomia Para Quem? Bases para um Desenvolvimento Sustentável na Amazônia”, sobre a cadeia de valor da meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) na Amazônia. O material tem como autora principal a pesquisadora Vera Imperatriz-Fonseca e co-autoria de João Meirelles, Hermógenes Sá, diretor geral e diretor de operações do Instituto Peabiru, respectivamente, e a também pesquisadora Ana Carolina Mendes dos Santos.
Documento – Dossiê Cadeia de Valor das Abelhas sem Ferrão da Amazônia – clique aqui.
Publicação – Abelhas Nativas da Amazônia e Populações Tradicionais – Manual de Meliponicultura – clique aqui.
Artigo – Os impactos da meliponicultura em diversas áreas: da conservação ambiental à geração de renda local, aqui.
Reportagem – Criação de abelhas sem ferrão recebe autorização de manejo inédita, confira aqui.
News – Conheça mais sobre o tema da meliponicultura e da polinização como serviço ambiental – veja as matérias relacionadas aqui.
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