Problemas com armazenamento prejudicam produção de andiroba no Marajó

Por Instituto Peabiru
Publicado em 16/08/2013
Participantes

Participantes da oficina de mapeamento e planejamento estratégico da APL da andiroba (Foto: Instituto Peabiru.

Com grande apelo no mercado de cosméticos e fitoterápicos, a andiroba coletada por comunidades extrativistas do arquipélago do Marajó, no Pará, enfrenta muitos problemas para chegar ao mercado.  Segundo o relatório com os primeiros resultados do projeto de fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (APL’s) da andiroba, elaborado pelo Instituto Peabiru, como parte do Programa Viva Marajó, o armazenamento do produto in natura, a falta de políticas públicas específicas que regulamentem a atividade e a atuação de atravessadores, são grandes gargalos.

O documento foi construído a partir da participação de atores locais dos municípios de Afuá, Bagre, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Muaná, Portel, Soure e Salvaterra, no Marajó, e outras instituições parceiras, associações e sindicatos rurais, órgãos governamentais, ONGs e empresas. De acordo com Letícia Sales, representante do Conselho Nacional das Populações Extrativistas da Amazônia (CNS), é necessário pesquisas para melhorar o armazenamento e conseguir maior durabilidade do produto. “Existe um grande problema na produção da andiroba, ela estraga muito rápido”, destaca.

O relatório aponta que as dificuldades na conservação da semente e do óleo da andiroba implicam na regularidade da oferta e no volume reduzido da produção diante da demanda crescente de consumo, além de agregar pouco valor ao produto. Segundo Fortunato Brito, da Associação dos Moradores da Resex Mapuá (Amorema), a extração do óleo e o processamento são feitos de forma tradicional nas comunidades. “Nós extraímos o óleo e guardamos em casa, quando chega alguém querendo comprar, então vendemos”, conta.

O levantamento revela que não há transparência nas relações entre os atores da cadeia pela complexidade do meio de comercialização da andiroba. De acordo com o relatório, o  atravessador chega à comunidade, compra uma pequena produção de óleo, armazena e revende. Cooperativas que compram de pessoas não cooperadas tornam-se uma espécie de atravessador.

O mapeamento e planejamento estratégico da APL da Andiroba foi realizado durante oficina com os atores locais, em Belém, durante o mês de maio, ministrada por Angela Kaxuyana, técnica do Instituto Peabiru. Os trabalhos do projeto continuam durante todo o ano com o objetivo de  capacitar, qualificar e aprimorar de processos operacionais da cadeia de valor.  

Foi formado ainda o Núcleo Gestor do APL da Andiroba, com a participação dos marajoaras e de instituições  como o CNS,  Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), ICMBio, Associação Mãe da Reserva Extrativista de Soure (Asurema), Associação Umarizal, entre outros. O Núcleo terá com principal função o desenvolvimento e monitoramento das ações contidas no Planejamento Estratégico construídos pelos participantes.

O projeto tem o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Ministério do Meio Ambiente. A Cooperação Técnica Alemã (GIZ), o Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó (Codetem) e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) são parceiros.

 

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