Especial Envolverde: Marajó, a biodiversidade perdida

Por Instituto Peabiru
Publicado em 25/05/2015

Rio Canaticu, biodiversidade ameaçada (foto: Dal Marcondes/Envolverde)

 

Vinte anos atrás, a região do rio Canaticu, município de Curralinho, no Marajó, era um lugar de “muito peixe e muita caça”, como contam os moradores mais antigos. Hoje a situação “é triste”, não tem peixe no rio, o camarão está quase acabando e não se encontra mais animais nas matas. Foram duas décadas de pesca predatória e caça de tudo o que se mexia nas matas.

Por Dal Marcondes, especial de Curralinho (Marajó)

“Dias atrás um cara matou 18 tatus, todos os que existiam aqui”, denuncia Raimundo Ferreira, de 77 anos, que fala de um tempo em que tinha de tudo na região, jabuti, jacaré, veados, caça farta. Vicente de Paula Ferreira de Oliveira, morador antigo, conta que o fim dos peixes começou com a “malhadeira”, uma rede de malha fina que os ribeirinho esticam de margem a margem nos rios e igarapés do Marajó. Anos de pesca predatória, capturando peixes que subiam o rio para desovar na piracema, praticamente acabaram com a presença de grandes peixes como o Tucunaré e o Pirarucu no rio Canaticu, um curso d’água pequeno para os padrões amazônicos, mas que despeja no rio Pará o equivalente a quase 50 rios Tietê.

Além da malhadeira os ribeirinhos também usaram o Timbó, um cipó tóxico que afeta os peixes quando moído e lançado nas águas dos rios e lagos. Vicente de Paula lembra-se de um tempo em que os peixes eram fartos e tinha muita caça. “Hoje a mesa do ribeirinho só tem frango, mesmo assim quando dá para comprar, porque aqui na região pouca gente tem chão firme para criação”, explica. No entanto nem tudo é desgraça nesse sertão do arquipélago do Marajó, a renda principal das famílias vem do açaí, que nos poucos meses de colheita, no segundo semestre, chega a render até 30 reais por rasa (um cesto que serve como medida para a venda do produto). Uma família pode chegar a fazer perto de 50 mil reais em uma safra. “Pena que o dinheiro some rápido”, explica Vivian Marília da Silva Oliveira, ativista ligada ao Instituto Peabiru, organização que vem trabalhando pela recuperação dos estoques pesqueiros na região do Canaticu.  Ela explica que a falta de acesso a serviços bancários faz com que não se construa uma poupança na época da safra.

Confira a matéria completa no site da Envolverde, clicando aqui.

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