Em entrevista para Universidade de Cambridge, diretor geral do Instituto Peabiru debate o papel de lideranças em iniciativas sustentáveis

Por Instituto Peabiru
Publicado em 23/02/2024

“Nós estamos tentando despertar a capacidade das comunidades locais, ou darmos a elas a oportunidade de falar. Não estamos falando por eles. Estamos apenas contribuindo em formas de ampliar o alcance da voz deles e deles entenderem que papel possuem nas cadeias de valores”. O comentário é do diretor geral do Instituto Peabiru, João Meirelles, e foi compartilhado no LinkedIn pela gestora do time executivo de educação do Cambridge Institute for Sustainability Leadership (CISL) e consultora do podcast “Conversation Leadership”, ambos da Universidade de Cambridge em Londres (Inglaterra), Marija Jurčević.

Na postagem, Marija Jurčević destaca as falas do diretor do Instituto Peabiru sobre como alguns desafios relacionados à conservação ambiental podem ser trabalhados pelas lideranças de iniciativas que buscam a sustentabilidade. “A resposta, segundo João, está na maneira em como trabalhamos a economia e como trabalhamos a conservação”, destaca Marija.

“E esse é o verdadeiro desafio, porque as pessoas locais estão tentando sobreviver, ter acesso à uma melhor educação ou saúde. Apenas a conservação não irá resolver os problemas deles neste sentido”, disse João, que complementou afirmando que é necessária “uma abordagem que junte as questões sociais e a conservação”. “Não conseguiremos resolver a questão da conservação da Amazônia se trabalharmos apenas um destes itens de forma separada”, finalizou o diretor.

Clicando aqui, você confere a postagem original, em inglês.

Abaixo você confere a entrevista em tradução livre.

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Aprendendo sobre #conservação e #liderança através de uma entrevista biográfica com João Meirelles, diretor geral do Instituto Peabiru, uma organização da sociedade civil no Brasil dedicada a encorajar o protagonismo de grupos sociais na Amazônia e promover o acesso total deles a direitos fundamentais.

“Nós decidimos trabalhar com aqueles que, a partir de nossa realidade, são analfabetos nos termos referentes à leitura e escrita, mas que são mestres em ler a floresta, em tê-la como a própria biblioteca”.

Ao explicar o seu trabalho como uma acupuntura social, João diz: “Nós estamos tentando despertar a capacidade das comunidades locais, ou criarmos um ambiente propício para que se manifestem. Não estamos falando por eles. Estamos apenas contribuindo em formas de ampliar o alcance de sua voz e que papel esses grupos desempenham nas cadeias de valores. Por exemplo, no caso do Açaí, 200 mil famílias estão trabalhando na base da pirâmide desta cadeia de valor. Eles recebem 10% do valor econômico gerado e não possuem nenhum poder, mas eles arcam com 90% dos riscos, em especial no que diz respeito ao trabalho precário e ao trabalho infantil”.

A resposta, segundo João, está na maneira em como nós fazemos a economia e na maneira em como trabalhamos a conservação. 

Na #economia: “Um exemplo está nos grandes empreendimentos, em especial os de mineração, óleo de palma e fornecedores. Eles possuem restaurantes para os empregados. Todos os dias eles servem, praticamente, um milhão de refeições. São 300 milhões de refeições por ano. Mas eles praticamente nada compram na Amazônia, de seus vizinhos. Eles compram de grandes empresas do agronegócio de São Paulo, a 3 mil quilômetros de distância. Então, isso é algo realmente poderoso, mudar as coisas através da economia”.Na #conservaçãonatural: “Eu gostaria de enfatizar essa ideia de que você não faz conservação, você realmente não tem conservação, se você não observa as questões de gênero – as crianças, os jovens, os idosos. Isso porque, normalmente, a conservação trabalha com animais e plantas. Poucas organizações realmente trabalham com todo o contexto. E esse é o verdadeiro desafio, porque as comunidades locais estão tentando sobreviver, ter acesso à uma melhor educação ou saúde. Apenas a conservação não irá resolver os problemas deles neste sentido. Precisamos ter uma abordagem que junte as questões sociais e a conservação. Não conseguiremos resolver a questão da conservação da Amazônia se trabalharmos apenas um destes itens de forma separada. Nós realmente precisamos ser mais abrangentes”.

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