Instituto Peabiru e UNICEF: a parceria completa 10 anos e redefine caminhos nas políticas pelas infâncias na Amazônia

Por Instituto Peabiru
Publicado em 07/06/2024

“O Peabiru é uma organização que está desenvolvendo práticas que merecem maior visibilidade, sobretudo por conta da COP-30 no ano que vem.” A fala é de Judith Leveille, Coordenadora do Território Amazônico, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), parceiro do Instituto Peabiru desde 2013. “Cada pessoa da equipe está comprometida, organizada, mostrando habilidades mesmo diante das mudanças. Esses aspectos demonstram uma grande riqueza de aprendizagem com as práticas do Instituto”, continua Judith. A cooperação com o UNICEF começou quando o Instituto Peabiru foi convidado para implementar, de forma técnica, a segunda edição da iniciativa Selo UNICEF nos estados da Amazônia brasileira. 

Em mais de uma década de trabalho, a parceria permitiu a expansão da atuação do Instituto Peabiru na agenda das infâncias e adolescências para além do Pará, chegando aos estados de toda região Norte, ao Maranhão e ao Mato Grosso. É como comenta Cláudio Melo, gerente do Selo UNICEF pelo Instituto Peabiru: “com o Selo, a gente conseguiu avançar e atuar nos estados da Amazônia e atuar de forma presente, com articulações, com parceiros locais. Ganhamos espaço dentro da rede de proteção. Isso fortaleceu o Peabiru, e hoje em dia a gente já é visto como autoridade de referência na agenda das políticas para as infâncias aqui na Amazônia.”

Amazônia e desafios do território

É impossível debater e pautar a região amazônica sem falar sobre as crianças e os adolescentes que habitam o território. Por esse motivo, esse público sempre esteve em foco nos projetos e ações do Instituto Peabiru, ainda que de forma transversal. “Gostaria de declarar a importância da agenda de direitos de crianças e adolescentes. Desde a década de 2000, cooperamos com projetos de educação ambiental. Nos últimos anos, em parceria com o UNICEF, pudemos realizar diversas agendas e atividades que desenvolvemos com muita alegria”, expressa João Meirelles, diretor geral do Instituto Peabiru. Nesse sentido, a co-atuação entre Instituto Peabiru e UNICEF busca otimizar o cenário social de cada local beneficiado pelos projetos implementados, como forma de estimular os governos locais a dar atenção às demandas e necessidades da população.

A proteção das infâncias é uma temática atravessada por diversos obstáculos, como evasão escolar, baixos índices de cobertura vacinal, trabalho infantil e violações de direitos, como abuso e exploração sexual de pessoas com menos de 18 anos. Por conta disso, a participação comunitária e ativa no território se torna fundamental, a partir do compartilhamento de experiências e estratégias de atuação, sobretudo no território amazônico. Atuar nos municípios da Amazônia significa deparar-se com realidades múltiplas que co-existem em uma só região.

Foto: Acervo Instituto Peabiru

“É desafiador a gente ajudar os municípios a implementar as políticas necessárias para atender toda a população, porque o território é desafiador, é uma Amazônia gigantesca de tamanho continental. É difícil por tudo que a gente já sabe, falta de recursos, internet, poucas equipes, a geografia em si também. Isso por si só já é um desafio”, comenta o gerente Cláudio Melo. “A Amazônia precisa ser pensada de forma diferente, seja nas questões logísticas ou políticas, tudo precisa ser repensado diariamente para que nós possamos oferecer novas metodologias e formas de trabalho para as equipes”, complementa.

Projetos além do Selo UNICEF

Em março de 2020, o mundo testemunhou a gravidade da pandemia de Covid-19, situação que colocou inúmeras famílias no centro da crise política, social e sanitária. Quatro anos depois, as consequências dessa crise ainda são visíveis, sobretudo em regiões menos favorecidas do território. Crianças e adolescentes formam um dos grupos mais afetados pela pandemia até os dias atuais, sofrendo com os problemas da evasão escolar, poucas vacinas disponíveis nas localidades, entre outros.

“Um ponto que é preciso destacar da atuação da equipe do Peabiru são os esforços feitos durante a pandemia. Em meio a centenas de desafios, todos seguiram com desempenho, compromisso e ações de liderança. Isso fala da grande capacidade de organização e planejamento da instituição, o que é essencial para entidades como o UNICEF nas metas de resultados positivos, sobretudo em meio a uma crise”, relembra Judith Leveillee, sobre os anos de 2021 e 2022.

As metodologias implementadas por meio da parceria entre o Peabiru e o UNICEF buscam atenuar as consequências desse período até os dias atuais. Como exemplo, um dos projetos mais notáveis à frente do combate à contaminação por infecções virais e à disseminação de notícias falsas foi a iniciativa “#TeSaiCovid”, implementada no ano de 2021. Através de estratégias comunicacionais pensadas para a realidade dos territórios, as equipes do projeto impactaram, direta e indiretamente, 48 mil pessoas, entre famílias, profissionais da educação, saúde e assistência. Conheça mais ações do #TeSaiCovid aqui.

Ação de lavagem de mãos do projeto #TeSaiCovid. Foto: Acervo Instituto Peabiru.

Já em 2023, as instituições implementaram em Belém o #AgendaCidadeUNICEF (ACU), iniciativa que realizou atividades junto a profissionais da educação, saúde, assistência, adolescentes e rede de proteção, visando promover oportunidades e caminhos para crianças e adolescentes. Até fevereiro de 2024, a equipe do ACU promoveu encontros e oficinas, voltados tanto para os profissionais quanto para adolescentes e jovens em escolas do bairro do Guamá, em Belém. 

Oficina sobre a Busca Ativa Escolar e Educação que Protege, do projeto #AgendaCidadeUNICEF. Foto: Franklin Salvador.

“Se não estivermos organizados, perdemos nossa relevância. Por isso, avalio que o trabalho feito na primeira edição do #AgendaCidadeUNICEF foi muito positivo, sobretudo para uma iniciativa nova. Ainda estamos analisando os resultados técnicos, mas é possível dizer que aprendemos muitas lições com o ACU, sobretudo no que diz respeito à condução do nosso trabalho, das metodologias e organização”, revela Judith Leveille. Saiba mais sobre o #AgendaCidadeUNICEF aqui. 

Resultados

Em meio a tantas ações, a parceria entre o Instituto Peabiru e o UNICEF constrói um legado na agenda de proteção de crianças e adolescentes, inspirando diferentes comunidades e entidades a expandir as ações para além das iniciativas oficiais promovida pelas entidades parceiras. É o caso do município de Goianésia do Pará, integrante do Selo UNICEF desde 2013. Segundo Manoel Cavalcante, articulador social da iniciativa no município, o trabalho desenvolvido junto ao Peabiru permitiu o desenvolvimento de novas ideias e projetos voltados para as infâncias e juventudes. “O Peabiru transformou nosso município, porque começamos a compreender como realmente funciona a política pública. Mesmo quando trabalhávamos sem receber nada em troca, percebemos a diferença ao nosso redor. E, aos poucos, conseguimos alcançar nossos espaços e mudar nossa realidade. Para nós, pensar no Peabiru é pensar em esperança”, afirma.

A partir disso, em 2018 o município criou o Instituto Pequeno Cidadão Verde (IPCV), que promove atividades de educação, meio-ambiente, esporte e cultura para mais de 170 crianças e adolescentes, com idades de 5 a 20 anos. “A gente tenta ajudar da melhor forma possível. Mesmo não tendo um espaço físico ainda, as pessoas da comunidade nos ajudam, fazemos parcerias, recebemos doações e temos ajuda de voluntários. Então, somos muito gratos a todo mundo, toda equipe do Peabiru, que sempre estiveram dispostos a nos orientar”, finaliza Manoel Cavalcante.

Ação do projeto “Futsal no Pé”, realizado pelo Instituto Pequeno Cidadão Verde, do município de Goianésia do Pará. Foto: Acervo Instituto Pequeno Cidadão Verde.

Confira mais detalhes dos projetos realizados em parceria do Instituto Peabiru com o Fundo das Nações Unidas para a Infância acessando nossa página de Projetos: https://peabiru.org.br/projetos/

Conheça mais sobre o UNICEF e sua atuação no território brasileiro: https://www.unicef.org/brazil/  

Texto: Giovanna Martini, sob supervisão de Tiago Chaves.

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