Instituto GPA, Assaí e Peabiru conectam produtores e consumidores com apoio ao desenvolvimento de produtos da Amazônia
Um dos principais desafios para a conservação do bioma Amazônia é o envolvimento das populações locais em atividades que combinem desenvolvimento econômico e uso sustentável dos recursos naturais de seus territórios. Com uma rica variedade de matérias-primas e saberes tradicionais, o desenvolvimento de produtos locais, produzidos e comercializados pelas próprias comunidades, tem sido considerado uma relevante alternativa nesse sentido. É desse cenário que nasce a parceria entre o Instituto Peabiru, a rede varejista Assaí e o Instituto GPA. O Peabiru traz a experiência de mais de 20 anos em projetos de assistência técnica a produtores de base familiar na Amazônia e o Assaí integra conscientização e contribuição em melhores práticas sustentáveis no comércio, em seu papel de agente transformador da cadeia de valor de pequenos e médios comerciantes. Combinando expertises, as organizações uniram forças a fim de desenvolver estratégias para a comercialização de produtos da sociobiodiversidade amazônica e contribuir para o empoderamento dos grupos sociais produtores.
Com uma grande variedade de produtos de qualidade sendo produzidos na Amazônia e uma demanda crescente por produtos de origem como estes, o desafio é viabilizar a conexão entre produtores e consumidores através do desenvolvimento das cadeias produtivas que contemple suas duas pontas: produção e consumo. Por seus atributos sustentáveis, que envolvem desde a contribuição à conservação de biodiversidade até a geração de renda através da comercialização, o produto inicial escolhido para o projeto foi o mel de abelhas sem ferrão.

Colmeia de abelhas da espécie melipona Uruçú Amarela. Foto: Rafael Araújo.
“A meliponicultura é a criação de abelhas sem ferrão, que produz mel e oferta serviços ambientais, como a polinização. Essa é uma tecnologia social que apresenta baixo custo e é facilmente replicada em diferentes comunidades”, declara Hermógenes de Sá, diretor-executivo do Instituto Peabiru. O Peabiru, que desenvolve atividades com a meliponicultura desde 2006, trabalha junto a agricultores familiares locais, na consolidação da cadeia do mel e no aumento de sua capacidade produtiva. Entre 2014 e 2017 o BNDES/Fundo Amazônia apoiou a consolidação da atividade, que, a seguir, recebeu suporte do Assaí e Instituto GPA. Essas experiências mostram que o cultivo do mel produzido pelas abelhas melíponas (família de abelhas produtoras de mel que se diferenciam da conhecida família Apis, por possuírem o ferrão atrofiado) se apresenta como oportunidade de fortalecimento organizacional das comunidades produtoras, ao mesmo tempo que promove a educação ambiental, o aumento da autoestima dos produtores envolvidos e valoriza a biodiversidade a partir dos seus serviços ecossistêmicos.

Técnico Cleiton Santos no Meliponário da abelha silvestre Uruçú Amarela (Melipona flavolineata) em Curuçá, PA. Foto: Rafael Araújo
O Assaí apoiou atividades desenvolvidas com comunidades em Monte Alegre, no oeste paraense, e em Curuçá, no nordeste do estado. O projeto envolveu diretamente 21 meliponicultores que foram assessorados em todo o processo de comercialização de sua produção. O apoio do Assaí possibilitou a estruturação de uma rede de apoio técnico à produção do mel, garantindo a compra da safra dos produtores no ano de 2018. Bem sucedida, essa primeira ação se desdobrou em resultados que ultrapassaram a cadeia produtiva do mel e viabilizaram uma linha de produtos de origem florestal que valoriza o empreendedorismo dos produtores rurais. O segundo passo da parceria foi implementar um canal de comercialização para o mel e outros produtos da biodiversidade, funcionando também como um espaço estratégico de apoio às organizações comunitárias parceiras.
Ponto de comercialização dos Produtos da Floresta
Produtos de diferentes territórios da Amazônia reunidos em um só lugar. Como uma vitrine para a rede de comunidades produtoras, um dos objetivos iniciais da parceria entre Peabiru e Assaí envolvia a estruturação de um show room que pudesse dar visibilidade aos produtos e aproximá-los de seus consumidores potenciais. A proposta do show room evoluiu e deu origem à Peabiru Produtos da Floresta, uma loja que vai muito além de um ponto de comercialização.
Localizada em Belém a loja reúne diferentes produtos de comunidades produtoras da Amazônia e funciona como espaço de apoio à comercialização e também de encontros e descobertas, onde é possível conhecer muito mais da história de cada território a partir de seus produtos. Mel, farinha, chocolates, geleias e temperos tradicionais da Amazônia, são alguns dos produtos que a loja reúne. O projeto desenvolvido com o apoio do Assaí possibilitou a ampliação da linha de produtos que hoje conta com mais de 20 territórios envolvidos. É o caso da farinha produzida de modo tradicional pelo Seu Miguel, do município de Augusto Correa, no Pará, e um dos guardiões do fazer tradicional da farinha da região bragantina. Em funcionamento desde agosto de 2018, o espaço conecta empreendedores rurais da Amazônia com o público e vai além, valorizando a produção local e experiências inovadoras no desenvolvimento de produtos sustentáveis.

Loja Peabiru Produtos da Floresta, em Belém, reúne diversos produtos da biodiversidade amazônica. Foto: Suane Barreirinhas.