Fundo Amazônia seleciona projeto do Instituto Peabiru para cadeia de valor das abelhas sem ferrão

A meliponicultura permite que se produza mel em casa, instalando várias colmeias, o meliponário (foto), no quintal ( Foto: Rafael Araújo)
O Instituto Peabiru foi selecionado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Chamada Pública de Projetos Sustentáveis do Fundo Amazônia. O projeto aprovado foi “Néctar da Amazônia: Cadeia de valor do mel de abelhas sem ferrão de povos e comunidades tradicionais da Amazônia Oriental”. De acordo com a proposta, a ONG vai trabalhar no avanço da produção e comercialização do mel de abelhas sem ferrão – a meliponicultura – com grupos tradicionais, agricultores familiares, quilombolas e indígenas, em Macapá e no Oiapoque, no Amapá, e na região da Calha Norte, no Pará.
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O Instituto Peabiru trabalha com capacitação em meliponicultura em comunidades tradicionais da Amazônia desde 2007 e já atendeu cerca de 350 famílias rurais nos estados do Pará e Amapá. “A experiência envolve educação ambiental, oportunidade de incrementar a renda familiar dos agricultores e combate ao desmatamento e queimadas”, destaca o pesquisador Richardson Frazão, coordenador do Programa de Abelhas sem ferrão e Populações Tradicionais, do Instituto Peabiru.
Segundo Frazão, o que difere a meliponicultura da apicultura – abelhas africanas com ferrão – é a possibilidade de manuseio sem investimentos em aparatos e ferramentas. O fato das abelhas sem ferrão não terem ferrão, e poderem ser criadas nos quintais das casas, dá oportunidade de geração de renda também para mulheres e jovens. De acordo com o pesquisador, o mel nativo pode representar um aumento de até 20% para famílias com renda média individual próxima a R$ 100.
A meliponicultura também influencia na fixação de carbono, polinização de espécies frutíferas e diminuição do desmatamento e queimadas na zona rural, tornando-se uma atividade inovadora no combate às mudanças climáticas. “Constatamos em estudos que cada quilo de mel produzido pode neutralizar até 16 quilos de dióxido de carbono”, revela. “Quem quer trabalhar com as abelhas sabe que o fogo prejudica e passa a não queimar mais”, afirma Frazão.