Artigo: Quem sabe do lugar é quem vive nele

Por Instituto Peabiru
Publicado em 10/09/2015

Artigo publicado na edição 98 da revista Página 22.

POR JOÃO MEIRELLES FILHO*

Imagine os Brasis com alguns dos piores indicadores sociais. Imagine a maioria de seus moradores vivendo em comunidades isoladas, nas quais crianças passam horas remando em canoas para chegar às escolas instaladas em palafitas precárias, em que alunos de diferentes séries compartilham um mesmo professor e uma mesma sala de aula, sem paredes, sem livros, separadas da sala seguinte por um mero quadro negro. Agora, imagine se houvesse políticas públicas abrangentes, capazes de alcançar todas as localidades com, por exemplo, doações de ônibus escolares. Fantástico, não seria?

Seria de fato transformador contar com ônibus escolar se a doação não fosse para um município que não tem uma única rua ou estrada. Trata-se de Afuá, no Marajó, o maior arquipélago fluviomarinho do planeta, nos deltas dos rios Amazonas e Tocantins. Nessa cidade ribeirinha, inteiramente sobre palafitas e pontes, as passarelas são tão estreitas que é proibido o tráfego de veículos automotores, inclusive de motocicletas. Se não fossem trágicos os indicadores educacionais da região, seria cômica a chegada de um ônibus escolar a Afuá.

Afuá e outros municípios da Amazônia ribeirinha padecem com os ineficientes resultados de décadas de políticas generalistas imaginadas em um distante gabinete em Brasília ou Belém. Entre estes resultados está o inchaço dos grandes centros urbanos, a inadequação de indicadores superficiais para tratar questões regionais, e a marginalização crescente no acesso a políticas públicas – que deveriam responder aos direitos civis básicos, como água, saúde, educação e segurança.

Leia o artigo na íntegra no site da Revista Página 22, clicando aqui.

Colaboraram: Manoel Potiguar e Tiago Chaves, respectivamente pesquisador e jornalista do Instituto Peabiru

*Empreendedor social e escritor, diretor geral do Instituto Peabiru

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