2ª edição da Conferência Ethos, em Belém, promoveu diálogo sobre as necessidades da Amazônia e as oportunidades para o desenvolvimento local

Por Instituto Peabiru
Publicado em 30/11/2018

Base para uma Coalizão Amazônica pelo Desenvolvimento Sustentável foi lançada para reunir e incentivar empresas e poder público a promoverem ações em busca de uma economia sustentável; evento contou com a presença de atores sociais para discutir a respeito do potencial econômico da Amazônia.

 

Com foco no desenvolvimento local, a 2ª edição da Conferência Ethos, realizada em Belém, promoveu debates sobre temas específicos da Região Amazônica como o combate à degradação ambiental e ao trabalho escravo e a problemática da morte de ativistas do meio ambiente, entre outros.

Compuseram o painel de abertura desta edição Caetano Scannavino Filho, coordenador geral do Projeto Saúde & Alegria, Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, Luciana Villa Nova, gerente de Sustentabilidade da Natura e​ João Meirelles, diretor geral do Instituto Peabiru. Durante o painel de abertura do evento foi lançado um documento base para a criação da Coalizão Amazônica pelo Desenvolvimento Sustentável, concebida com o objetivo de reunir e estimular empresas e poder público a promoverem ações em busca de uma economia íntegra, ética e sustentável. “A maturidade cada vez mais será exigida diante do desafio que teremos a frente. Por isso, partimos para uma ação concreta, ao lançar um documento que irá destacar questões que consideramos importantes, pautado em resistir e avançar”, disse Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, durante o lançamento do projeto.

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Além da abertura do evento, João Meirelles participou em outros dois painéis, dando destaque às iniciativas locais para a conservação da biodiversidade, apresentando a Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) no painel Alternativas de desenvolvimento econômico e social para municípios da Amazônia: cooperação entre governos, empresas e sociedade civil. Nesse tema, o público pode conhecer as atividades da PPA, iniciadas em 2017 no Amazonas, e que agora amplia sua atuação na Amazônia, na construção da plataforma local junto ao setor privado no Pará.

O painel “Comércios justos e os territórios de diversidade socioambiental” abordou os esforços para a ampliação da distribuição e consumo de produtos da sociobiodiversidade brasileira. “Em meio a acertos e erros o importante foi que a Natura não desistiu nessa jornada de 20 anos da empresa na Amazônia”, destacou Mauro Costa, gerente de suprimentos da Natura. Já Marcelo Rosembaum, designer e fundador do Instituto A Gente Transforma, destacou os saberes tradicionais. “Quando a pessoa valoriza os saberes que vem de sua ancestralidade isso interfere no reconhecimento das potencialidades e no respeito aos saberes dos povos tradicionais”, comentou o designer.

Segundo Fábio Oti, coordenador Regional ICMBio, é preciso uma conversa maior entre estado, terceiro setor, empresas e os anseios das populações tradicionais. “Saber do conhecimento tradicional a fim de identificar as reais necessidades e prever erros que são causados pela falta de diálogo”, explicou o executivo. Ele participou do painel “Oportunidades para alavancagem da Conservação da Biodiversidade em grandes projetos”, que promoveu o diálogo sobre as oportunidades para a minimização de impactos socioambientais, a partir de ciclos de investimentos, em grandes obras no território amazônico.

Manuel Potiguar, gerente de projetos do Instituto Peabiru, participou do painel “Pesca Sustentável na Costa e nos rios da Amazônia”. Na conversa Potiguar apresentou os Acordos de Pesca no Rio Canaticu, Curralinho, Marajó, Pará. O trabalho desenvolvido pelo Instituto com 1500 famílias residentes do entorno do rio buscou a valorização do conhecimento tradicional, além de usar como metodologia de trabalho o entendimento local a partir da sabedoria dos moradores sobre o território.

A preocupação com a saúde dos rios da região, impactada pelo crescimento urbano, foi discutida durante o painel “Águas da Amazônia: a poluição e o acesso a água potável”. “O avanço tem sido pífio em saneamento básico. Se nosso planejamento fosse mais inteligente e mais sério economizaríamos milhões”, salientou Caetano Scannavino Filho, coordenador geral do Projeto Saúde & Alegria. Segundo Ronaldo Mendes, professor do núcleo de Meio Ambiente da UFPA, “são 10 milhões de pessoas sem receber água de abastecimento seguro na Amazônia. Algo descomunal”. Para a coordenadora de Relacionamento com Associados do Instituto Ethos, Milene Almeida, se faz necessário levar esse tema para o Ethos e seguir com essa agenda. “Me fere como bióloga e como brasileira não seguirmos com esse tema tão importante”, complementa a executiva.

Para completar, o encontro promoveu também o diálogo sobre os desafios e oportunidades do Movimento Empresarial pela Integridade e Transparência. Lançada em julho pelo Ethos, a iniciativa já conta com quase 70 signatárias e espera fechar 2018 com a adesão total de 80 empresas. O movimento produz, entre outras ações, estudos para ajudar na elaboração de políticas públicas. “O papel principal das grandes empresas é criar essa motivação e pressão positiva para que os seus parceiros também estejam nesse caminho, se esforçando para assumir os compromissos”, avaliou Carlos Henrique Pereira Fraga, gerente de Compliance da Norsk Hydro.

“Os diálogos dessa edição foram enriquecedores para os participantes. Promover sustentabilidade e conduta ética nas empresas e na sociedade é, antes de tudo, uma forma de criar e manter as transformações que queremos conquistar daqui para frente. Precisamos nos desafiar diariamente para que possamos continuar em movimento. Se o futuro é a gente quem escolhe, é fundamental estarmos dispostos a mobilizar, a sensibilizar, a apoiar, a articular e a construir”, afirmou Magri. A entidade atua como intermediadora nas esferas corporativa, política e sociedade civil, em agendas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país. “As áreas de atuação do Instituto Ethos não possuem propósitos isolados, pois a corrupção potencializa a desigualdade e esta, por sua vez, também impacta na preservação do meio ambiente”, finaliza Magri.

Sobre o Instituto Ethos

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que completa 20 anos neste ano de 2018, tem a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. http://www.institutoethos.org.br

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