Programa Abelhas da Amazônia do Instituto Peabiru inicia atividades de meliponicultura em novo polo no Pará

Por Instituto Peabiru
Publicado em 23/10/2020

As atividades de mobilização do projeto Amigo das Abelhas da Amazônia tiveram início em Boa Vista do Acará e buscam construir um novo polo de produção familiar da meliponicultura

Meliponário modelo em Boa Vista do Acará é exemplo do potencial da criação de abelhas sem ferrão na localidade.
Foto: Mariana Faro/Instituto Peabiru.


Um novo polo de meliponicultura está sendo desenvolvido pelo Instituto Peabiru no município de Boa Vista do Acará, no Pará, com apoio do Instituto Clima e Sociedade. Vinte famílias da localidade serão selecionadas para participar das atividades do projeto que irá contemplar as famílias com 300 colmeias matrizes, fornecendo capacitação para início da criação de abelhas sem ferrão, além da garantia de compra da produção local ao final do ciclo produtivo.

O Instituto Peabiru convidou no início de outubro famílias e organizações comunitárias de Boa Vista do Acará a conhecerem a proposta do seu Programa de Abelhas da Amazônia, desenvolvido desde 2006. O Programa desenvolve projetos em parceria com organizações sociais de territórios da Amazônia para criação de abelhas sem ferrão, atividade que gera renda e promove educação ambiental. Conhecidas como abelhas sem ferrão por conta do seu ferrão atrofiado, as abelhas melíponas geram uma série de produtos e serviços ambientais nas áreas onde são criadas, como o mel, o pólen e a polinização das plantas. O méis das abelhas melíponas têm sabor único e são alimentos tradicionalmente obtidos da floresta por povos originários da Amazônia. 

Com apoio de diferentes financiadores ao longo dos últimos 14 anos, o Programa Abelhas da Amazônia  já desenvolveu projetos de meliponicultura em territórios no Amapá, Amazonas e Pará, com mais de vinte comunidades participantes e a conquista do Selo de Inspeção Federal para comercialização do mel dessas localidades. Atualmente, participam do Programa mais de cento e vinte produtores de vinte comunidades rurais de oito municípios no Pará e Amapá, além de outras comunidades parceiras no Amazonas. Agora, as famílias de Boa Vista do Acará têm a oportunidade de participar do projeto de um novo polo da meliponicultura em um ciclo inicial de dois anos. 



Um novo polo de meliponicultura em Boa Vista do Acará

O projeto denominado Amigo das Abelhas da Amazônia conta com financiamento do Instituto Clima e Sociedade e irá selecionar 20 famílias de Boa Vista do Acará aptas a desenvolver a meliponicultura em suas áreas. O projeto oferece a estrutura para formação dos meliponários e assistência técnica com profissionais especializados na criação de abelhas melíponas. Para participação, cada família assina um termo de parceria que registra os benefícios a que terá acesso e as responsabilidades assumidas. As famílias selecionadas participam da definição conjunta da agenda de visitas técnicas e treinamentos, que incluem temas como introdução à meliponicultura, alimentação das abelhas e reprodução de colmeias.

A apresentação da oportunidade pela equipe do Instituto Peabiru foi realizada em uma reunião para a comunidade local, seguindo todos os protocolos de prevenção à COVID-19. O encontro contou com a participação de mais de 30 moradores interessados, que puderam conhecer a proposta do projeto, as condições de participação, além dos materiais e treinamentos oferecidos. 

Moradores de Boa Vista do Acará convidados a conhecer a oportunidade de participação no projeto Amigo das Abelhas da Amazônia.
Foto: Mariana Faro/Instituto Peabiru.


A seleção irá considerar a viabilidade da instalação dos meliponários nos quintais de cada família com avaliação das áreas disponíveis. Com o grupo formado, é prevista para janeiro de 2021 a instalação das caixinhas que abrigam as colônias (ver foto). Serão instalados 30 cavaletes em cada área familiar, sendo destes 15 caixas com abelhas e 15 caixas vazias, para ampliação posterior das colmeias. Com a orientação dos técnicos e gestão pelas famílias, que demanda poucas horas de manutenção por semana, a previsão é colher o primeiro lote estimado em 300 kg de mel produzido em Boa Vista já em dezembro de 2021. A produção é das famílias e a compra é garantida pelo Peabiru.

Participantes assistem a demonstração de coleta do mel de abelhas sem ferrão diretamente das colmeias.
Foto: Mariana Faro/Instituto Peabiru.



Apoio na produção e geração de renda para as famílias

Ao final de 2021 o projeto estima coletar pelo menos 30Kg  de mel nas áreas de cada família. Essa produção tem compra garantida pelo Instituto Peabiru e deve gerar uma renda extra de R$1.050,00 por família ao final do primeiro ano de produção. A primeira reprodução das colmeias, quando as caixas sem abelhas recebem novas moradoras para formação de novas colméias, está prevista para janeiro de 2022.

De acordo com Fernando Oliveira, Coordenador  do projeto, a produção estimada no Acará  é de até 90kg de mel em cada meliponário (com 30 colmeias em cada meliponário) que podem ser coletados com a mão de obra de uma pessoa com apoio de um ajudante. Com a coleta do mel e reprodução das colméias, cada família participante chegará  a 30 colmeias ativas no início do segundo ciclo, com estimativa de colher o triplo  de mel coletado no primeiro ano e arrecadar R$3.150,00 com a venda da produção. Ao final do projeto, em dezembro de 2022, espera-se que  cada família possa alcançar a produção de 90kg  de mel por ano (podendo vender ao Peabiru cada litro por pelo menos R$45,00, em valores de hoje), resultando em uma renda extra de R$3.150,00 por família.

Além da garantia de renda com a venda da produção diretamente ao Instituto Peabiru, a parceria da comunidade com a organização permite realizar o beneficiamento do mel produzido localmente para comercialização no mercado formal. Tudo isso porque o mel de abelhas sem ferrão fermenta rapidamente o que dificulta a venda local, pois sem a desumidificação o mel permanece bastante perecível. Para a venda local, sem passar pelo processo de desumidificação, o mel precisa ser armazenado na geladeira para ser consumido. Para preservar o produto, as famílias recebem do Peabiru materiais de coleta e capacitação sobre como retirar e armazenar o mel garantindo sua durabilidade e qualidade. Entre os ganhos está ainda o fortalecimento do território com grupos locais atuantes e possibilidade de expandir o número de famílias participantes e a renda total para a localidade.

Fernando Oliveira, coordenador do projeto, apresenta aos participantes detalhes do projeto Amigo das Abelhas da Amazônia. Foto: Mariana Faro/Instituto Peabiru.


Uma das organizações participantes da reunião inicial para formação do polo em Boa Vista do Acará foi a APOBV – Associação dos Produtores Orgânicos de Boa Vista. A Associação local já trabalha há 20 anos na produção e comercialização de ervas, como a priprioca e a pataqueira, e parte de seus 53 produtores associados atenderam ao convite para conhecer mais sobre a oportunidade de trabalhar também com a criação de abelhas sem ferrão. Uma das associadas da APOBV, Cleide Vilhena vê com entusiasmo a iniciativa e pretende participar para instalar o meliponário na área de sua família. “Eu achei interessante  o projeto pela fonte de renda que nós vamos ter, além da capacitação que é muito importante. Quero me ver cuidando das abelhas e estou ansiosa torcendo para ser contemplada pelo projeto. A criação das abelhas será também algo a mais a apresentar no meu pacote de turismo. Tenho a casa de farinha, barraquinha de artesanato, o banho de cheiro. Com abelhas a expectativa é grande, creio que vai dar tudo certo” diz a moradora.

Cleide Vilhena, da APOBV, é uma das moradoras de Boa Vista do Acará interessadas na criação de abelhas sem ferrão e nas oportunidades que o projeto oferece.
Foto: Mariana Faro/Instituto Peabiru.


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