Instituto Peabiru, Coopfam e Juquira Candiru lançam curso virtual sobre uso de ferramentas agroecológicas
Curso “Biopoder camponês” é resultado da articulação da rede Juquira Candiru Satyagraha, da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região e do Instituto Peabiru. O curso chega ao público de forma gratuita através da nova plataforma de cursos online do Instituto Peabiru com direito à certificado.

A construção do curso
Em 2019, a articulação Juquira Candiru Satyagraha (JCS) promoveu o curso Bombeiro Agroecológico, de forma presencial, para agricultores familiares da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM), em Minas Gerais. A atividade ocorreu no sítio Terra Boa, polo de construção de conhecimento e difusão de tecnologia agroecológica na produção de café em Poço Fundo, região sul de Minas. Em 2018 o mesmo curso havia sido oferecido para agricultores familiares beneficiários do projeto Ativa Barcarena, além de alguns alunos, técnicos e professores no Pará.
No ano de 2020, o curso seria ministrado para uma nova turma de forma presencial, o que não pode acontecer por conta da pandemia de Covid-19. Para garantir que o curso alcançasse seu público, a equipe da JCS o adaptou para o formato virtual, gravando as aulas em vídeo. A equipe do JCS responsável pela construção do curso virtual contou com Oliver Blanco, Leonardo Noronha, Aline Yume, João Aquino e Thiara Fernandes. Thiara Fernandes, colaboradora do Instituto Peabiru, é uma das articuladoras da rede agroecológica JCS e participou da mobilização para a realização do curso para os agricultores no Pará, em 2018, e da construção do novo curso virtual.
O conteúdo do curso
Adaptado e com novo nome – Biopoder camponês, o curso apresenta de forma didática em 27 videoaulas conteúdos de referência sobre o cenário da agricultura e ferramentas para práticas agroecológicas. Nas sete aulas teóricas iniciais, o professor Sebastião Pinheiro faz um apanhado histórico sobre a agricultura no mundo, suas transformações, o uso de agrotóxicos e as implicações socioeconômicas e ambientais desse uso. Na parte prática, o curso conta com 19 vídeo aulas sobre ferramentas e práticas agroecológicas para promoção da saúde do solo, proteção de sementes e plantas, equilíbrio nutricional de folhasas e frutíferas. O conteúdo do curso é finalizado com vídeo extra de Oliver Blanco, entoando canções que referem a potência vital e o caráter coletivo e colaborativo da natureza.
O curso é voltado para agricultores e técnicos interessados no tema, as práticas podem e devem ser adaptadas a cada território e, principalmente, aos recursos disponíveis em cada realidade produtiva. O propósito é promover sistemas produtivos agroalimentares equilibrados e bem nutridos. “O conceito de biopoder camponês diz respeito ao agricultor ou agricultora, técnico ou técnica, que está munido de ferramentas para promoção do equilíbrio do sistema produtivo. As pessoas que passam pela formação se capacitam para responder aos diferentes desafios agrícolas sem fazer uso de venenos ou técnicas degradantes para o solo, as plantas e as pessoas”, destaca Fernandes.
Retomada das ações presenciais e agenda no Pará
A partir de maio, os profissionais vinculados à JCS realizaram uma nova rodada de atividades presenciais. Primeiro em Poço Fundo/MG, com a COOPFAM e os agricultores cooperados, onde foi oferecido um curso de Saúde do Solo/Bombeiro Agroecológico. A partir do dia 12 de maio, a equipe da articulação JCS (Sebastião Pinheiro e Oliver Blanco) seguiu para o estado do Amazonas, em atividade em parceria com o Instituto Federal do Amazonas, o IFAM. Em julho, a equipe JCS esteve no Pará, onde ofereceu o curso para duas turmas. Primeiro, para agricultores familiares do Movimento Camponês Popular MCP, do Movimento Sem Terra MST e do Movimento Cabano, e posteriormente para agricultores familiares vinculados a projetos de desenvolvimento do Instituto Peabiru.

Um dos projetos com beneficiários entre os participantes do curso é o projeto Ativa Barcarena, realizado pela Hydro e executado pelo Instituto Peabiru, em Barcarena, Pará, desde 2018. O projeto conta com uma base agroecológica e promove assistência técnica a 91 famílias de agricultores que já tiveram acesso a parte das técnicas oferecidas no curso, principalmente os biofertilizantes, a água de vidro e a calda bordalesa. Muitos desses agricultores já incorporam as técnicas em suas práticas agrícolas cotidianas, com importantes transformações observadas por eles, como a economia de recursos, a nutrição foliar e o controle de pequenos insetos, ácaros e fungos. As técnicas compartilhadas ajudam a melhorar a saúde dos solos, resolver problemas na maturação de citros e banana, promovem a melhor produção de folhosas, bem como melhor conservação das hortaliças e frutas depois de colhidas.