No Marajó, equipe técnica do Instituto Peabiru incentiva debate sobre sustentabilidade

Por Instituto Peabiru
Publicado em 30/04/2015
Manejo de açaizais nativos

Assentados recebem orientações sobre o manejo do acaí

Aprender novas práticas de produção e discutir um plano de desenvolvimento da própria localidade. Desde o final de 2014, ações neste sentido são realizadas junto a produtores rurais de projetos de assentamentos agroextrativistas (PAEs) na região ribeirinha de Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari. As iniciativas integram uma série de oficinas e capacitações realizadas pela equipe do projeto ATER-Marajó (Chamada Pública 01/2013 INCRA Sede, Lote 19), do Instituto Peabiru.

Um delas constitui-se de visitas técnicas para a implantação do projeto de desenvolvimento produtivo familiar, uma das principais atividades do ATER-Marajó. Neste item, o produtor rural recebe até seis visitas de um técnico do projeto durante um mês. São repassadas orientações para otimizar a produção, potencializando o uso dos recursos e, assim, gerar segurança alimentar e melhorar a geração de renda. “Todo mês nossa equipe está em um dos projetos de assentamento agroextrativistas atendidos. Começamos no final de 2014 a realizar esta consultoria para cada um dos mais de 800 assentados beneficiários”, lembra Thiara Fernandes, coordenadora de projetos do Instituto Peabiru.

A presença da equipe do Instituto Peabiru e a realização de diversas ações são aprovadas pelos moradores dos assentamentos. Na ilha Setubal, em Ponta de Pedras, Wesley Rodrigues, de 26 anos, liderança comunitária, diz que os técnicos do ATER-Marajó são professores que levam o conhecimento sobre a melhor maneira de produzir e colher o açaí e a andiroba. “Antes cada um aqui colhia da maneira que achava melhor. Depois das oficinas e visitas nas casas, com orientações, nós vimos que dava pra produzir mais, inclusive, não apenas com açaí e andiroba”, relata Wesley.

Outra ação realizada pelo Instituto Peabiru junto a estes moradores, foi a “Oficina de Boas Práticas Produtivas”, que visou apresentar aos beneficiários da reforma agrária as técnicas de manejo de açaí. No total, foram sete eventos, finalizados no mês de abril, onde todos os assentamentos contemplados pelo ATER-Marajó, participaram de 3 dias de aulas, entre ensinamentos teóricos e práticos. “Sabemos que produzir mais e com melhor qualidade é um dos principais pontos da sustentabilidade. E, isso influencia diretamente na questão da segurança alimentar, ou seja, garantir que eles tenham acesso durante todo o ano a alimentos e água de qualidade”, conta Thiara.

Por conta disso, os técnicos do ATER-Marajó apresentam para os assentados beneficiários as culturas alternativas para diversificar a produção rural. E, de acordo com Wesley, já há, por exemplo, interesse em fazer o manejo do camarão. “Antes ninguém pensava nisso. Então os técnicos nos mostraram que dava pra fazer isso, incentivaram e hoje há gente interessada”, comenta o assentado.

Este é justamente o tema da segunda rodada de oficinas de boas práticas produtivas, que teve início neste mês de abril no PAE Urubuqura. Técnicas sobre a piscicultura serão repassadas, inclusive informando sobre o matapi ecológico e os acordos de pesca. Com isso, na visão de Wesley, a comunidade só tem a crescer. Para ele, o passo seguinte seria pensar na verticalização da produção. “Acredito que se a gente conseguisse beneficiar nossos produtos, quem sabe industrializar a nossa produção, ou ter um contato direto com as empresas, deixando de lado o atravessador, com certeza, teríamos uma renda maior”, diz Wesley.

E, como forma de fortalecer e ampliar o conhecimento dos assentados, para que eles possam tomar as próprias decisões a respeito do futuro da localidade em que moram, o projeto ATER-Marajó trabalhou junto os produtores um Plano Participativo de Desenvolvimento de cada assentamento. “Baseado no diagnóstico das atividades produtivas, feito em 2014, fizemos oficinas, também de 3 dias, em cada assentamento onde foram discutidos pontos como organização social, produção e comercialização”, relata Thiara Fernandes.

Cada item do Plano Participativo visa definir ações de curto, médio e longo prazo, propondo a qualificação da produção, comercialização, infraestrutura, gestão comunitária, organização social, recuperação, regularização e licenciamento do uso dos recursos naturais, realização de simulações de composição de atividades agroextrativistas e não agroextrativistas.

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