Instituto Peabiru se coloca a disposição do Iphan para contribuir com salvaguarda das Festividades do Glorioso São Sebastião

Por Instituto Peabiru
Publicado em 17/04/2014
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Visita da procissão do Glorioso São Sebastião, de Cachoeira do Arari no “Dia do Marajó”. Foto: Instituto Peabiru, 2012.

No Pará, além do Círio de Nazaré, as Festividades do Glorioso São Sebastião foram as únicas manifestações culturais consideradas patrimônio imaterial do Brasil. O reconhecimento se deu no mês de novembro de 2013. Mas, diferentemente do Círio de Nazaré, as Festividades são realizadas em pelo menos 50 comunidades dos 14 dos 16 municípios do Marajó. Neste sentido, o esforço para a preservação das Festividades é muito maior. Entre os dois principais desafios estão, de um lado, o baixo interesse de jovens diante de aspectos das Festividades, como a Ladainha e, de outro, o avanço da monocultura do arroz no Marajó. Esta última, de alto impacto no uso do solo e no dia-a-dia de Cachoeira do Arari, já resultou em modificações de tradições da festividade.

Reunião promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no dia 14 de abril

Reunião promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no dia 14 de abril

O alerta foi dado pelo Instituto Peabiru, durante reunião promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no início desta semana (dia 14) sobre o Glorioso São Sebastião. O Instituto Peabiru ressaltou a importância de monitorar o impacto cultural da monocultura do arroz. Alertou, ainda, que a maioria dos empreendimentos realizados no Pará ignoram a necessidade de considerar o impacto sobre o patrimônio imaterial e, até mesmo, material, como ocorre, por exemplo, com a expansão da palma no Nordeste Paraense.

O encontro serviu como o passo inicial do processo de elaboração de um plano de salvaguarda das festividades, no qual o Instituto Peabiru se colocou a disposição para contribuir. “Acreditamos poder contribuir de diferentes maneiras para a gestão compartilhada da salvaguarda, conforme proposto pelo Iphan, porém, é a sociedade civil, a Igreja Católica, as organizações culturais e associativas locais e as Prefeituras Municipais é que tem que tomar à frente neste processo”, conta João Meirelles, diretor geral do Instituto Peabiru.

Segundo João, um ponto fundamental pra a preservação das festividades é a efetiva participação das comunidades no debate. “Este diagnóstico, que deve ser participativo deve, ainda, capacitar a comunidade a investigar, documentar e reconhecer seu patrimônio, como já ocorre com outros bens imateriais tombados, como o Samba de Roda, do Recôncavo Baiano, em que diversos centros de referência foram criados e uma agenda crescente se dedica a esta expressão genuinamente brasileira”, explica.

Após a reunião do dia 14, foi criado um grupo de trabalho, como um primeiro conselho consultivo da salvaguarda da Festividade, envolvendo atores públicos e da sociedade civil. Além de se colocar a disposição para colaborar, o Instituto Peabiru também se propõe a elaborar propostas com parceiros da sociedade civil e o poder público para o fortalecimento dos grupos locais, para a divulgação e difusão da manifestação, tanto no Marajó como no Estado do Pará e no Brasil. “Como difusão, o Instituto Peabiru apóia, há dois anos, a proposta da cineasta Regina Jeha, que dirigiu o filme ‘Expedição Viva Marajó’, produzido pelo Instituto Peabiru, em que uma das manifestações da festividade, a ladainha, é brevemente apresentada”, relata João.

Como parte da equipe do Instituto Peabiru no Marajó, o gerente de projetos Manoel Potiguar explica que será necessário não apenas identificar onde as Festividades do Glorioso São Sebastião são realizadas, como entender de que maneiras são feitas. “É preciso lembrar que os princípios para a salvaguarda são mobilização social e alcance das políticas públicas, gestão participativa, difusão, valorização e sustentabilidade e produção e reprodução Cultural”, conta.

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