Capacitação forma agentes técnicos solares para gestão do Programa Luz para uma Vida Melhor nas Ilhas de Belém

Por Instituto Peabiru
Publicado em 27/11/2017

O desenvolvimento de uma cadeia produtiva de energias sustentáveis na Amazônia é chave para viabilizar a expansão do acesso à energia na região. Um Arranjo Produtivo Local (APL) significa envolver e capacitar atores locais para suprirem lacunas nos diferentes elos da cadeia de valor. Tal cadeia precisa incluir o financiamento, a logística, a  produção de materiais e insumos, a comercialização no atacado e varejo, a venda, a instalação e o suporte técnico ao consumidor. Este modelo de negócio especializado em energias limpas é inédito na Amazônia e encontra-se em organização de sua fase piloto.

É neste sentido que o Programa Luz para uma Vida Melhor  – iniciativa do IDEAAS e do Instituto Peabiru – dedica-se a mitigar a exclusão energética que afeta 1 milhão de famílias na Amazônia rural. A proposta é oferecer kits autônomos de energia solar – o Bakana Solar – ao mesmo tempo que cria a capacidade técnica local. Isto significa que as regiões podem trabalhar de forma autônoma e gerando emprego e renda local, pois o Programa capacita organizações e moradores locais na montagem e instalação dos kits, e suporte técnico em energia solar.

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Agentes técnicas em treinamento realizam manutenção em kit Bakana Solar. Comunidade N Sra da Conceição, Paquetá, Belém, PA. Nov/ 2017. Foto: Mariana Buoro

A capacitação do projeto piloto

Entre 10 e 12 de novembro, nas ilhas de Cotijuba e Paquetá (Belém Ribeirinha) ocorreu o primeiro treinamento a moradores locais em três níveis: usuários, agentes locais e agentes técnicos solares.

Como usuários são 22 famílias da Comunidade Nossa Senhora da Conceição, da Ilha de Paquetá, com kits Bakana Solar residenciais, instalados na primeira etapa do Programa. O treinamento dos usuários reforçou dicas de uso diário para o bom funcionamento e a maior durabilidade do sistema

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Treinamento de usuários do sistema de energia solar na Comunidade N Sra da Conceição reuniu moradores locais, inclusive crianças. Paquetá, Belém, PA. Foto: Mariana Buoro

 

A Comunidade agora conta com um morador referência, o “agente local”, capacitado a prestar suporte técnico inicial aos usuários em caso de dúvidas ou pequenos ajustes. Para casos mais complexos, ou que requerem troca de peças, este agente local aciona o Suporte ao Usuário, a cargo do Movimento das Mulheres das Ilhas de Belém, que agora conta com 10 agentes técnicos solares capacitados.

Estes agentes solares passaram por treinamento intenso de três dias tanto em fundamentação teórica do funcionamento do sistema, e por etapas práticas de montagem dos kits, instalações e simulações de suporte em campo.

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Instrutor Muriel Silva explica aos agentes técnicos em formação o funcionamento de um painel solar. Cotijuba, Belém, PA. Nov/ 2017. Foto: Mariana Buoro

 

Os agentes foram escolhidos a partir de uma seleção do Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém (MMIB), que responde pela gestão operacional do Programa na Belém Ribeirinha. O MMIB também será responsável pela coordenação administrativa do suporte aos usuários, intermediando o contato das comunidades atendidas com os agentes técnicos, para garantir a instalações e reparos, e mantendo estoque de peças e elaborando relatórios de atividades.

A importância da auto-gestão do sistema

É altamente relevante que os próprios usuários e agentes técnicos próximos a eles, estejam capacitados na gestão dos sistemas autônomos de energia solar – os kits Bakana Solar  – para que as comunidades beneficiadas, especialmente aquelas isoladas, adquiram maior independência energética. Associado a isto, está o potencial de criação de renda e novos empregos locais, a partir de necessidades reais e de forma consistente.

“A importância do agente local é ter uma pessoa na área, que resolva algo que pode ser simples, como a troca do controlador ou da bateria, sem precisar gastar e demorar chamando uma pessoa que venha lá do outro estado”, diz Delso Conceição, um dos novos agentes técnicos locais.

Por sua vez, Muriel Silva, instrutor do treinamento do IDEAAS, acredita ainda que estes agentes locais agregam muito “porque entendem a realidade local, conhecem o dia a dia dos usuários do sistema”. Muriel destaca ainda que “a importância de se consolidar um arranjo produtivo local em energias sustentáveis é que permite ao projeto caminhar com as próprias pernas. Tendo acesso à tecnologia, e agora à manutenção e peças para reposição, o kit não vai ser algo que se usa um tempo, gera uma expectativa, e depois se perde, vai se possibilitar a consolidação real desse projeto”.

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Equipe de agentes técnicos em treinamento realizam instalação de painel solar em residência na Ilha de Paquetá, Belém, PA. Nov/ 2017. Foto: Mariana Buoro

Para saber mais sobre o Programa Luz para uma Vida Melhor acesse a página do Programa, ou veja nossas notícias e galeria de imagens. Se quiser maiores informações sobre esta capacitação, acesse aqui o relatório completo.

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