Como aliar conservação e geração de renda com a criação de abelhas sem ferrão
Para compartilhar conhecimentos e discutir aprendizados sobre o desenvolvimento da cadeia de valor do mel de abelhas sem ferrão, será realizado o Simpósio: Abelhas sem ferrão e a Sociobiodiversidade, em 2 de agosto próximo, no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, do Parque Zoobotânico, do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, Pará, com a colaboração do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Além da apresentação dos resultados do Programa Néctar da Amazônia nestes doze anos de trabalho, haverá debates com os parceiros do Programa – EMBRAPA, Universidade Federal do Pará, Instituto Tecnológico Vale -, produtores, especialistas, pesquisadores e participantes da cadeia de valor. Entre as temáticas destacam-se: as melhores práticas desta tecnologia social, a formalização da atividade e do produto, os desafios para a ciência e a comercialização. O foco principal é orientar as políticas públicas de conservação e produção para a disseminação da atividade.
O Programa Néctar da Amazônia desenvolvido pelo Instituto Peabiru e parceiros visa o fortalecimento da cadeia de valor do mel de abelhas sem ferrão da Amazônia. Apesar de conhecido há milhares de anos, a atividade não faz parte da rotina da imensa maioria dos agricultores e raramente é realizada em escala comercial. A sua importância reside na capacidade de gerar trabalho e renda a populações tradicionais, a partir de um produto da sociobiodiversidade, ao mesmo tempo que combate a destruição de habitats naturais, o desmatamento e as queimadas, e contribui à conservação da biodiversidade. É atividade com forte componente de gênero, pois pode ser realizada por mulheres junto à casa, no quintal e garantir melhor posição da mulher nas decisões da família, controle da renda e segurança alimentar. Pode, ainda, propiciar novas formas de gerar renda local a jovens, evitando a migração.
Além do mel e de venda de colmeias como produtos imediatos, oferece um conjunto de serviços ambientais, com destaque para a polinização, com impacto direto na produção agrícola e florestal, inclusive de espécies de interesse comercial (açaí, cacau, cupuaçú e frutas etc.), bem como para a conservação e restauração de áreas degradadas. Novos produtos como o própolis e diferentes formas de apresentar o mel prometem movimentar o mercado em breve.
A descoberta do mel de abelhas sem ferrão pelo mercado gourmet e o crescente hobby de criação destas abelhas apresentam-se como oportunidade de negócio complementar, que se soma às atividades tradicionais da agricultura familiar. Apenas no universo amazônico a meliponicultura poderia contribuir para mais de 1 milhão de famílias de indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais, em sua maioria excluídos, isolados e abaixo da linha da pobreza.
Atualmente, o Programa envolve mais de uma centena de produtores, com um patrimônio de mais de R$ 1,5 milhões representado por 5 mil colmeias, distribuídas entre dezenas de comunidades de indígenas no Oiapoque, quilombolas em Macapá, ambos no Amapá; e diferentes grupos ribeirinhos e de agricultores tradicionais no médio Amazonas (Almeirim e Monte Alegre), Grande Belém (Barcarena), Nordeste Paraense (Curuçá) e Marajó (Curralinho). Estes polos estão sendo fortalecidos para promover a difusão da atividade na Amazônia. O Programa também visa contribuir às diferentes iniciativas de ONGs, instituições de pesquisa e órgãos de extensão rural, especialmente nos estados do Maranhão, Pará e Amazonas.
O Néctar da Amazônia foi pioneiro no Brasil no processo de licenciamento da atividade junto ao SISFAUNA (no Pará operado pela SEMAS e no Amapá pela SEMA), uma vez que se trata de criar espécies da fauna brasileira e espera difundir a importância do licenciamento. O Néctar também visa a plena legalidade da comercialização do mel e derivados, seja como produto artesanal estadual ou com selo de inspeção federal, para que se alcance o mercado de maneira segura e identificado.
Por fim, a parceria com a Embrapa Amazônia Oriental permite uma série de aprendizados no desenvolvimento científico e tecnológico, a partir do rico panorama dos diferentes contextos socioambientais, em prol de oferecer tecnologias simples, de fácil implementação e manejo e de baixo custo, para que a meliponicultura esteja efetivamente presente no bioma Amazônia. Com a Universidade Federal do Pará iniciamos um processo de identificação genética das abelhas, por meio do barcode das espécies paraenses e estamos em busca de novas parcerias científicas.
O evento conta com alguns dos maiores especialistas na meliponicultura no Brasil, como a Dra. Vera Imperatriz Fonseca, do Instituto Tecnológico Vale, Jerônimo Villas Boas e Fernando Oliveira. Venha saber mais sobre o mel de abelhas sem ferrão – legítimo produto das populações tradicionais da Amazônia. O atendimento à imprensa se dará ao longo de um Café da Manhã que se realizará no local, a partir das 8 horas e durante o evento.
Serviço:
Simpósio Abelhas sem ferrão e a Sociobiodiversidade – Tecnologias sociais
para a meliponicultura na Amazônia Oriental
Dia 2 de agosto (quinta-feira), no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi em Belém, Pará (acesso pela Travessa 9 de Janeiro).
Das 8 horas (Café da manhã) às 16 horas
Assessoria de Comunicação: (91) 98501-1257 com Oswaldo Braglia
Inscrições: dalissa@peabiru.org.br
Saiba mais em https://peabiru.org.br/nectardaamazonia/
Veja a programação do Simpósio “Abelhas sem Ferrão e a Sociobiodiversidade”: https://peabiru.org.br/2018/07/19/simposio-abelhas-sem-ferrao-e-a-sociobiodiversidade-programacao/
O Instituto Peabiru é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), com 19 anos de atividade, sede em Belém do Pará, com a missão de facilitar processos de fortalecimento da organização social e da valorização da sociobiodiversidade, especialmente para que as populações extrativistas e os agricultores familiares da Amazônia sejam protagonistas de sua realidade. Atua no Pará, Amapá, Maranhão e Bahia.